segunda-feira, 16 de julho de 2012

Três anos e... nada.


 
Fez ontem precisamente três anos, estava a ter o meu último dia de formação, no Porto, antes de começar a trabalhar para uma editora. Foram, se não me engano, cinco dias de formação. Nunca me irei esquecer dos croissants quentes ao pequeno-almoço, na Albergaria Vice-Rei. Nem dos passeios pelas ruas da cidade, mal terminava o dia de formação. Neste último dia, o motivator pediu-nos para escrevermos uma carta a nós próprios. Nessa carta, teríamos de falar dos nossos objectivos para um futuro mais ou menos próximo. Tínhamos de indicar, a lápis, no canto superior direito do envelope, o dia em que gostaríamos de receber a nossa carta em casa. Houve quem a quisesse receber três meses mais tarde, outros seis meses. Eu pedi o tempo mais longo permitido. Três anos. Brincaram comigo, dizendo que 2012 era o ano do fim do mundo e que nunca iria receber a minha carta. Não liguei. Eu queria que fosse uma verdadeira surpresa, quando abrisse a minha caixa de correio e encontrasse a minha carta. Queria já ter esquecido o que nela tinha escrito, antes de a receber. Queria que a minha vida tivesse efectivamente mudado e, para isso, sabia que era preciso tempo. Lembro-me, agora, que não foi fácil escrever aquela carta. Via os meus colegas todos empolgados. Escreviam, voltavam a escrever e escreviam mais ainda, sem qualquer necessidade de pensar muito. Gente com objectivos bem definidos, pensei eu na altura. Demorei uns bons minutos antes de escrever a primeira palavra da minha carta. Nunca fui pessoa de grandes objectivos. Nunca fui de pensar muito no que seria o meu futuro, no que gostaria que ele fosse. Recebi a carta com uma semana de antecedência. Mas não a abri. Esperei pelo dia escrito, a lápis, no canto superior direito do envelope. Esperei até ontem. Escrevi bastante, afinal, há três anos atrás. Uma folha A4, frente e verso inteirinha. Não me lembrava mesmo nada do que tinha escrito. Mas reconheci-me logo. Palavras cheias de ironia e algum sarcasmo. Talvez para esconder melhor o meu receio de pedir algo. De pedir aquilo que, sabia, não iria ter, nem três anos mais tarde. E, realmente, não consegui atingir nenhum dos objectivos que desejei naquelas quantas linhas. Como se os anos passassem, mas a minha vida não. E acredito que o mais importante dos objectivos, subentendido ao longo da carta, nunca o irei alcançar. E o que tem graça (sem ter graça nenhuma) é que já o sabia, também, há três anos atrás.




2 comentários:

  1. Pelo menos sabes, que não davas/dás para "bruxa"...:)

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    1. Aí é que tu te enganas, ND. Por acaso, já discursei sobre esse assunto por aqui. E cheguei à brilhante conclusão que sou bruxa, sim. Só que esse dom não alcança previsões para a minha própria pessoa. Com muita pena minha, como calculas... ;p

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